sexta-feira, 8 de maio de 2009

foto Paula Barros
Escrito por Dauri Batisti
No entanto
Eu sei,
infelizmente sei,
que o único jeito de voar
com as próprias asas
é fazendo poesia.

Um dia a ciência vai provar
que a única e absoluta utilidade da poesia
é fazer brotar nas costas do sujeito que escreve
- ou que lê -
um par de asas.

É claro que o tamanho,
a penugem,
a força,
a beleza da asa
vai depender de fatores que não sei explicar.

Meus vôos são sempre rasteiros,
mas ainda assim me lanço
e me rasgo em brutos esbarros com o chão
em pontas, pregos e pedras.
A pequena altura que alcanço
vai mais alto, no entanto,
que qualquer avião.
*
*
*
(seja lá o que escrevo, só em escrever me liberto e tenho essa sensação de voo...sinto crescer asas na alma )